sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A overdose de futebol na TV brasileira



Apesar de ser noveleiro de carteirinha, também gosto de futebol, desde que seja jogo importante. Não me peçam para assistir Remo X Paissandu porque aí desço das tamancas. Enfim, o que incomoda mesmo é a overdose de futebol na TV brasileira. Tudo bem que dá ibope e todos querem capitanear em cima, isso é perfeitamente compreensível, mas daí buscar desesperadamente manter o assunto na mídia não faz sentido. Terminado o Campeonato Brasileiro, que já é longo demais na minha modesta opinião, os telejornais da Globo começaram a noticiar o placar e os gols da Liga dos Campeões da Europa, como se essas notícias “importantes” fossem de interesse da grande massa que os assiste...


Primeiro, seria bem interessante que o futebol de fato tirasse férias, porque já passamos praticamente uns 300 dias do ano respirando futebol. Vale lembrar o estrago que aquela partida da quarta-feira à noite faz com a grade de programação. Segundo: esse período entre o fim do Campeonato Brasileiro e o início dos campeonatos estaduais, no começo do ano seguinte, bem que poderia ser usado para dar visibilidade a outros esportes e seus atletas. Nós temos diversos brasileiros até campeões de modalidades das quais nunca ouvimos falar... Terceiro: é preciso vencer o complexo de inferioridade para valorizar o que é nosso. Qualquer porcaria, desde que seja de fora, tem muito mais valor que qualquer jóia produzida aqui. É preciso romper com isso também. O excesso de auto-estima que sobra no povo canadense faz falta ao brasileiro.


Enfim, às vésperas de uma olimpíada, a TV bem que poderia usar de seu imenso poder de penetração para difundir esportes pouco conhecidos e formar novos campeões, mas pelo visto ela prefere o caminho fácil de explorar o que já está consolidado.





quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

As minisséries e a gangorra dos horários


Sou grande apreciador das minisséries brasileiras, desde o ano de 83, para ser mais exato. Histórias compactas, bem produzidas, bem acabadas, com elenco primoroso e outras tantas qualidades que não se vê nas novelas. Vejo com certa tristeza a fase que este produto enfrenta atualmente na TV brasileira, mais precisamente na TV Globo, onde obras de grande qualidade não passam dos 13 ou 14 pontos no ibope. Mas não se engane, as minisséries não perderam qualidade, pelo contrário, continuam cada vez melhores. O telespectador também não deixou de apreciá-las, afinal todos sabem valorizar o que é bom. Prefiro atribuir a má fase destas produções à gangorra dos horários, desde que foi implantada uma segunda e até terceira linha de shows após a novela das 8 (ou seria das 9?). Os estudiosos afirmam que assistir TV é um hábito e não há como se habituar a um programa que um dia começa às 22:30, no outro às 23:40, no outro à 00:15 e assim por diante. Sem falar que na quarta-feira é exibido um mini-capítulo por causa do futebol (que será tema de ou outro post).


Acredito em duas soluções: ou padronizar o período de duração da linha de shows, para que as minisséries começassem sempre no mesmo horário e tivessem capítulos com o mesmo período de duração, ou então, que as minisséries fossem exibidas em período de férias da linha de shows.


Para comprovar o raciocínio, basta ver “Cinquentinha” que estreou na terça-feira. Seu ibope está na casa dos 24 pontos. Tudo bem que a história de Aguinaldo Silva é muito boa, mas creio que a regularidade do horário também tem influenciado muito.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

“Viver a Vida é a treva!”

Esse trocadilho hilário é o comentário de um internauta postado em um fórum que debate o fato de algumas vezes a novela “Caras e Bocas” igualar ou superar o ibope de “Viver a Vida”.

Depois de ler pouco mais de 160 comentários do fórum, não foi difícil concluir o que os telespectadores apreciam numa e depreciam na outra novela. Como pontos fortes “Caras e Bocas” tem o ritmo ágil, a comédia leve e descontraída, cheia de bordões como “é a treva”, “fiquei rosa chiclete”, e tantos outras tiradas engraçadas. As tramas paralelas têm ligação direta com a trama central e as situações são resolvidas em 4 ou 5 capítulos. A agilidade também vale para as cenas, que são breves e objetivas. A comédia na medida certa, com alguns elementos do pastelão agrada em cheio quem chegou cansado do trabalho e está a fim de relaxar um pouco.

Na contramão vem a novela das 8 (ou das 9). Viver a Vida é densa, pesada. Está apostando num tema complexo que é a paraplegia. Suas cenas longas, debatendo o nada e o coisa nenhuma chegam a dar sono. A futilidade domina o panorama. Perdem-se 4 ou 5 minutos para falar do sabor do cafezinho ou da maciez do travesseiro... Quando foge da banalidade e aprofunda nos temas sérios da história é aquele dramalhão, aquele chororô interminável... Como diria aquele telespectador do título, “Viver a Vida é a treva!” Quando o assunto é Taís Araújo os internautas se dividem: muitos a culpam por todos os percalços da novela e muitos a defendem de umas e dentes. Sabemos muito bem que se trata de uma excelente atriz. E sabemos também na atual circunstância o resultado tem muito mais do autor do que do desempenho da atriz.

Enfim, dos quase 170 comentários do fórum, uns 140 enalteceram a de Walcyr Carrasco e desceram a lenha na novela de Manoel Carlos. Uns 10 defenderam e o outros quase 10 ficaram neutros. De modos que, ou Maneco muda o rumo do barco ou a sua novela continuará na alça de mira do macaco Xico. Sem falar que não demora e a Globo vai começar a chiar...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Você sabe como funciona o IBOPE?

Diariamente nos deparamos na mídia com manchetes envolvendo essa palavrinha mágica, capaz de causar calafrios em 11 de 10 profissionais da TV. Em função do ibope vivem ou morrem os programas, sejam eles bons ou não. Em função dele cabeças são cortadas ou poupadas. Enfim, tudo gira em torno dele... Mas como essa poderosa medição é realizada?

Funciona assim: é uma rede secreta constituída por 750 lares da grande São Paulo, que é renovada a cada quatro anos e "remunerada" com brindes. Com o “peoplemeter”, aparelho que é instalado em cada uma dessas residências, é possível identificar o canal em que a TV está sintonizada e os dados são enviados, a cada minuto, para uma central através da rede de telefonia celular.

Você conhece alguém que tem um aparelhinho deste em casa? Certamente não. Porque esta é justamente a intenção do Ibope, já que quem possui o aparelho em casa assina um contrato de sigilo com a empresa, um compromisso de que não será influenciado por qualquer emissora. "Ele [o telespectador que faz parte da amostra] não pode sair por aí falando que tem peoplemeter", afirma o diretor-geral do Ibope.

Os dados gerados por esses aparelhos permitem que a empresa faça o que se chama de “pesquisa por amostragem”, ou seja, pega-se uma pequena parcela da população escolhida com base em critérios como idade, classe social, nível intelectual, etc. e projeta os resultados para todo o conjunto, que no caso é a população brasileira. Segundo cálculos, cada televisor ligado equivale a 60 mil aparelhos ligados na grande São Paulo.

Marcos Silvério



Cara e Bocas de vento em popa: 234 capítulos

O dia é de festa para a equipe de “Caras e Bocas”, a novela de Walcyr Carrasco, que exibe hoje (02/12) o capítulo de número 200. Depois da façanha de superar no ibope a novela das 21 horas, que é o xodó da casa, a trama das 19 horas está prestes a bater um recorde: o de novela mais extensa da Globo nos últimos 20 anos. Prevista para terminar em 08 de janeiro de 2010, Cara e Bocas deverá chegar aos 234 capítulos, superando por um a atual detentora do título “Quatro por Quatro”, de Carlos Lombardi, exibida em 1994.

Com trama leve e comédia bem dosada, Walcyr aboliu as muitas tramas paralelas e optou por concentrar esforços na trama principal, interligando-as. Tal fórmula parece ter agradado e ditado regra, tanto que a Globo decidiu manter a mesma linha para os próximos trabalhos do horário: “Tempos Modernos” de Bosco Brasil e “Ti Ti Ti”, remake que será adaptado por Maria Adelaide Amaral.

Como mais este sucesso ele se torna um dos nomes mais fortes da casa e um dos principais nomes da dramaturgia no momento. Sua biografia na Globo é uma coleção de sucessos, da qual consta apenas dois tropeços: a novela “Sete Pecados” que não chegou a ser um estrondoso sucesso e a substituição de Benedito Rui Barbosa em “Esperança”, no ano de 2002, onde fez alguns mudanças radicais na trama que desagradaram o autor titular e nem por isso conseguiram impedir que aquela novela fosse o grande fiasco que foi (a pior audiência de todas as novelas das 8 exibidas pela Globo até hoje).