sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A overdose de futebol na TV brasileira



Apesar de ser noveleiro de carteirinha, também gosto de futebol, desde que seja jogo importante. Não me peçam para assistir Remo X Paissandu porque aí desço das tamancas. Enfim, o que incomoda mesmo é a overdose de futebol na TV brasileira. Tudo bem que dá ibope e todos querem capitanear em cima, isso é perfeitamente compreensível, mas daí buscar desesperadamente manter o assunto na mídia não faz sentido. Terminado o Campeonato Brasileiro, que já é longo demais na minha modesta opinião, os telejornais da Globo começaram a noticiar o placar e os gols da Liga dos Campeões da Europa, como se essas notícias “importantes” fossem de interesse da grande massa que os assiste...


Primeiro, seria bem interessante que o futebol de fato tirasse férias, porque já passamos praticamente uns 300 dias do ano respirando futebol. Vale lembrar o estrago que aquela partida da quarta-feira à noite faz com a grade de programação. Segundo: esse período entre o fim do Campeonato Brasileiro e o início dos campeonatos estaduais, no começo do ano seguinte, bem que poderia ser usado para dar visibilidade a outros esportes e seus atletas. Nós temos diversos brasileiros até campeões de modalidades das quais nunca ouvimos falar... Terceiro: é preciso vencer o complexo de inferioridade para valorizar o que é nosso. Qualquer porcaria, desde que seja de fora, tem muito mais valor que qualquer jóia produzida aqui. É preciso romper com isso também. O excesso de auto-estima que sobra no povo canadense faz falta ao brasileiro.


Enfim, às vésperas de uma olimpíada, a TV bem que poderia usar de seu imenso poder de penetração para difundir esportes pouco conhecidos e formar novos campeões, mas pelo visto ela prefere o caminho fácil de explorar o que já está consolidado.





quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

As minisséries e a gangorra dos horários


Sou grande apreciador das minisséries brasileiras, desde o ano de 83, para ser mais exato. Histórias compactas, bem produzidas, bem acabadas, com elenco primoroso e outras tantas qualidades que não se vê nas novelas. Vejo com certa tristeza a fase que este produto enfrenta atualmente na TV brasileira, mais precisamente na TV Globo, onde obras de grande qualidade não passam dos 13 ou 14 pontos no ibope. Mas não se engane, as minisséries não perderam qualidade, pelo contrário, continuam cada vez melhores. O telespectador também não deixou de apreciá-las, afinal todos sabem valorizar o que é bom. Prefiro atribuir a má fase destas produções à gangorra dos horários, desde que foi implantada uma segunda e até terceira linha de shows após a novela das 8 (ou seria das 9?). Os estudiosos afirmam que assistir TV é um hábito e não há como se habituar a um programa que um dia começa às 22:30, no outro às 23:40, no outro à 00:15 e assim por diante. Sem falar que na quarta-feira é exibido um mini-capítulo por causa do futebol (que será tema de ou outro post).


Acredito em duas soluções: ou padronizar o período de duração da linha de shows, para que as minisséries começassem sempre no mesmo horário e tivessem capítulos com o mesmo período de duração, ou então, que as minisséries fossem exibidas em período de férias da linha de shows.


Para comprovar o raciocínio, basta ver “Cinquentinha” que estreou na terça-feira. Seu ibope está na casa dos 24 pontos. Tudo bem que a história de Aguinaldo Silva é muito boa, mas creio que a regularidade do horário também tem influenciado muito.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

“Viver a Vida é a treva!”

Esse trocadilho hilário é o comentário de um internauta postado em um fórum que debate o fato de algumas vezes a novela “Caras e Bocas” igualar ou superar o ibope de “Viver a Vida”.

Depois de ler pouco mais de 160 comentários do fórum, não foi difícil concluir o que os telespectadores apreciam numa e depreciam na outra novela. Como pontos fortes “Caras e Bocas” tem o ritmo ágil, a comédia leve e descontraída, cheia de bordões como “é a treva”, “fiquei rosa chiclete”, e tantos outras tiradas engraçadas. As tramas paralelas têm ligação direta com a trama central e as situações são resolvidas em 4 ou 5 capítulos. A agilidade também vale para as cenas, que são breves e objetivas. A comédia na medida certa, com alguns elementos do pastelão agrada em cheio quem chegou cansado do trabalho e está a fim de relaxar um pouco.

Na contramão vem a novela das 8 (ou das 9). Viver a Vida é densa, pesada. Está apostando num tema complexo que é a paraplegia. Suas cenas longas, debatendo o nada e o coisa nenhuma chegam a dar sono. A futilidade domina o panorama. Perdem-se 4 ou 5 minutos para falar do sabor do cafezinho ou da maciez do travesseiro... Quando foge da banalidade e aprofunda nos temas sérios da história é aquele dramalhão, aquele chororô interminável... Como diria aquele telespectador do título, “Viver a Vida é a treva!” Quando o assunto é Taís Araújo os internautas se dividem: muitos a culpam por todos os percalços da novela e muitos a defendem de umas e dentes. Sabemos muito bem que se trata de uma excelente atriz. E sabemos também na atual circunstância o resultado tem muito mais do autor do que do desempenho da atriz.

Enfim, dos quase 170 comentários do fórum, uns 140 enalteceram a de Walcyr Carrasco e desceram a lenha na novela de Manoel Carlos. Uns 10 defenderam e o outros quase 10 ficaram neutros. De modos que, ou Maneco muda o rumo do barco ou a sua novela continuará na alça de mira do macaco Xico. Sem falar que não demora e a Globo vai começar a chiar...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Você sabe como funciona o IBOPE?

Diariamente nos deparamos na mídia com manchetes envolvendo essa palavrinha mágica, capaz de causar calafrios em 11 de 10 profissionais da TV. Em função do ibope vivem ou morrem os programas, sejam eles bons ou não. Em função dele cabeças são cortadas ou poupadas. Enfim, tudo gira em torno dele... Mas como essa poderosa medição é realizada?

Funciona assim: é uma rede secreta constituída por 750 lares da grande São Paulo, que é renovada a cada quatro anos e "remunerada" com brindes. Com o “peoplemeter”, aparelho que é instalado em cada uma dessas residências, é possível identificar o canal em que a TV está sintonizada e os dados são enviados, a cada minuto, para uma central através da rede de telefonia celular.

Você conhece alguém que tem um aparelhinho deste em casa? Certamente não. Porque esta é justamente a intenção do Ibope, já que quem possui o aparelho em casa assina um contrato de sigilo com a empresa, um compromisso de que não será influenciado por qualquer emissora. "Ele [o telespectador que faz parte da amostra] não pode sair por aí falando que tem peoplemeter", afirma o diretor-geral do Ibope.

Os dados gerados por esses aparelhos permitem que a empresa faça o que se chama de “pesquisa por amostragem”, ou seja, pega-se uma pequena parcela da população escolhida com base em critérios como idade, classe social, nível intelectual, etc. e projeta os resultados para todo o conjunto, que no caso é a população brasileira. Segundo cálculos, cada televisor ligado equivale a 60 mil aparelhos ligados na grande São Paulo.

Marcos Silvério



Cara e Bocas de vento em popa: 234 capítulos

O dia é de festa para a equipe de “Caras e Bocas”, a novela de Walcyr Carrasco, que exibe hoje (02/12) o capítulo de número 200. Depois da façanha de superar no ibope a novela das 21 horas, que é o xodó da casa, a trama das 19 horas está prestes a bater um recorde: o de novela mais extensa da Globo nos últimos 20 anos. Prevista para terminar em 08 de janeiro de 2010, Cara e Bocas deverá chegar aos 234 capítulos, superando por um a atual detentora do título “Quatro por Quatro”, de Carlos Lombardi, exibida em 1994.

Com trama leve e comédia bem dosada, Walcyr aboliu as muitas tramas paralelas e optou por concentrar esforços na trama principal, interligando-as. Tal fórmula parece ter agradado e ditado regra, tanto que a Globo decidiu manter a mesma linha para os próximos trabalhos do horário: “Tempos Modernos” de Bosco Brasil e “Ti Ti Ti”, remake que será adaptado por Maria Adelaide Amaral.

Como mais este sucesso ele se torna um dos nomes mais fortes da casa e um dos principais nomes da dramaturgia no momento. Sua biografia na Globo é uma coleção de sucessos, da qual consta apenas dois tropeços: a novela “Sete Pecados” que não chegou a ser um estrondoso sucesso e a substituição de Benedito Rui Barbosa em “Esperança”, no ano de 2002, onde fez alguns mudanças radicais na trama que desagradaram o autor titular e nem por isso conseguiram impedir que aquela novela fosse o grande fiasco que foi (a pior audiência de todas as novelas das 8 exibidas pela Globo até hoje).

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A surra de Isabel em “Viver a Vida”


Normalmente as pessoas têm o hábito de escrever para criticar. E também me incluo nessa turma. Não sei explicar por que, mas enxergar os defeitos é sempre mais óbvio que procurar qualidades. Talvez seja porque nós, roteiristas, enxergamos a obra com olho crítico e não com o olhar de um mero telespectador que quer divertir-se e surpreender-se com a história.


Bem, mas todo esse discurso é para dizer que hoje não vou criticar ninguém, mas sim elogiar. Há alguns dias não se fala em outra coisa que não seja a surra de Tereza, personagem de Lília Cabral, na aprendiz de megera Isabel, Adriana Birolli. No ar a cena ficou perfeita, passando a exata dose do sentimento de ambas as partes.


A cena da surra deu muito trabalho à atriz Adriana Birolli. Para aparecer como se estivesse nua, coberta apenas por uma toalha, ela teve de usar tapa-sexo e um adesivo da cor da pele sobre os seios. E segurou bem a toalha (Tereza a tirou do banho para dar a surra). Mesmo ficando seminua no estúdio, ela disse ao blog que não ficou com vergonha de gravar a sequência: “De forma alguma. Estava protegida” - brinca. Adriana conta ainda que ensaiou com Lilia as marcações da surra e que, depois, a cena foi gravada duas vezes. Nas ruas, o resultado foi imediato. Adriana conta que no dia seguinte ouvia das pessoas que sua personagem Isabel estava merecendo apanhar da mãe. "Todo mundo gostou de ver a Isabel apanhando” - finaliza.


Embora nós saibamos muito bem que uma cena não é mérito apenas do autor, porque exige muito da sensibilidade do diretor e dos atores também, convém aqui bater palmas para Manoel Carlos e toda a sua equipe.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Benedito Ruy Barbosa às 21:00 horas



Correm rumores na mídia televisiva de que estaria sendo cogitada a volta de Benedito Ruy Barbosa ao horário das 21 horas na Globo.


Não creio que essa seja uma boa alternativa. “Esperança”, a última novela de Benedito no horário nobre foi simplesmente a pior audiência de todas as novelas das 8 da Globo desde 1972 (vide ranking publicado nessa coluna há alguns dias atrás).


Benedito tem um estilo semelhante ao de Manoel Carlos: trama lenta, que se arrasta do nada para o coisa nenhuma, morna, sem sal, sem emoção. Ou seja, na contramão dos que os números mostram como sendo a atual fórmula do sucesso: tramas ágeis, rápidas, cheias de emoção e aventura (vide Caras & Bocas). A escala do horário nobre está fechada até 2014, com Sílvio de Abreu, Gilberto Braga, Aguinaldo Silva, João Emanuel Carneiro e Glória Perez. Não vejo espaço para o Benedito nesse time...


Há de se considerar todo o mérito de Benedito. Talvez entre todos os autores seja o que melhor sabe criar uma primeira fase e ligá-la com o final da história. Sim, eu assisti Renascer, O Rei do Gado, Terra Nostra e também Esperança. E realmente merece destaque esse aspecto ímpar de sua obra, presente em todas estas novelas.

Outro que merece ser destacado é que um dos maiores sucessos mundiais é de sua autoria: Terra Nostra. Da última vez que vi o ranking, faltava pouco para ultrapassar os números de Escrava Isaura, sendo a novela exibida em cento e tantos países.


Também não podemos esquecer que foi capaz de levantar o horário das 18:00, com a novela Paraíso, apesar de ser um outro horário, um outro perfil de público...


Porém, se “em time que está ganhando não se mexe” não vejo porque mudar a estratégia. Seria bem melhor que ele continuasse a fazer seus remakes às 6 da tarde à se estrumbicar no horário nobre...


Enfim, a Globo corre um sério risco de dar um tiro no pé.

domingo, 1 de novembro de 2009

O ranking de audiência de todas as novelas das 8 da Globo



Roque Santeiro e Tieta, ambas da década de 1980, são as novelas com mais pontos no Ibope em todos os tempos. Ambas tiveram 63 pontos na Grande São Paulo.

Este blog publica a seguir o ranking de audiência das novelas da oito da Globo desde 1972. Trata-se de um material histórico para pesquisadores e interessados no tema.

As novelas estão dispostas pela pontuação que obtiveram ao longo da exibição. Não é correto, entretanto, afirmar que Roque Santeiro, por exemplo, teve mais audiência do que América (2005/06). Ela teve, sim, mais pontos. O parâmetro desse ranking é o de pontos na Grande São Paulo. Hoje, um ponto equivale a cerca de 60 mil domicílios. Vinte e cinco anos atrás, não representava nem a metade disso. Considere também que a população cresceu. E que, principalmente, a população com televisor em casa teve um salto significativo principalmente após 1994, com o Plano Real.

Além disso, as metologias do Ibope mudaram. No princípio, a medição era feita pela abordagem das pessoas por um pesquisador, no dia seguinte à exibição. Hoje é em tempo real, eletronicamente.

Mas isso não tira o valor desse ranking. Ele é o mais perfeito retrato do fascínio que as novelas das oito da Globo exercem sobre os brasileiros. É o retrato de uma hegemonia de quatro décadas _hoje já não tão forte quanto antes, mas ainda hegemônica.

Observe que as novelas da chamada “Era Boni” (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho) dominam o ranking _a primeira colocada nos anos 2000, quando Boni já não mandava mais na Globo, é “apenas” a vigésima quinta novela mais pontuada, Senhora do Destino. O ranking mostra claramente que o auge do gênero esteve entre a segunda metade dos anos 1970 e o final dos anos 1980.

Veja a seguir o ranking das novelas das oito da Globo, de 1972 a 2009, por pontos na Grande São Paulo (os dados foram arredondados; a ordenação está por ordem alfabética e cronológica):

1 ) Roque Santeiro (1985/86)……………………………… 63
- ) Tieta (1989/90)…………………………………………….. 63
3 ) O Salvador da Pátria (1988/89)……………………… 62
4 ) Pai Herói (1979)……………………………………………. 61
- ) Vale Tudo (1988/89)……………………………………… 61
6 ) Selva de Pedra (remake, 1986)…………………..….. 60
- ) Renascer (1993)……………………………………………. 60
8 ) Dancin’Days (1978/79)………………………………….. 59
- ) Coração Alado (1980/81)……………………………….. 59
10 ) Duas Vidas (1976/1977)…………………………….… 58
- ) Água Viva (1980)………………………………….……. 58
12 ) O Outro (1987)…………………………………….…….. 57
13 ) Baila Comigo (1981)………………………………..…… 56
- ) Roda de Fogo (1986/87)……………………………… 56
- ) Mandala (1987/88)…………………………………….. 56
16 ) Pecado Capital (1975/76)………………………….…. 55
17 ) Rainha da Sucata (1990)…………………………..….. 54
- ) Pedra Sobre Pedra (1992)……………………………. 54
19 ) O Casarão (1976)…………………………………….….. 53
- ) O Astro (1977/78)……………………………………..… 53
- ) Corpo a Corpo (1984/85)……………………………… 53
22 ) Fera Ferida (1993/94)……………………………..….. 52
- ) O Rei do Gado (1996/97)……………………………… 52
24 ) De Corpo e Alma (1992/93)…………………...…….. 51
25 ) Senhora do Destino (2004/05)………………...…… 50
26 ) Espelho Mágico (1977)…………………………………. 49
- ) Os Gigantes (1979/80)…………………………………. 49
- ) Louco Amor (1983)……………………………………… 49
- ) Meu Bem, Meu Mal (1990/91)……………………… 49
- ) América (2005)………………………………………….. 49
31 ) A Indomada (1997)……………………………………… 48
- ) Belíssima (2005/06)…………………………………… 48
33 ) Escalada (1975)………………………………………..… 47
- ) Partido Alto (1984)……………………………………… 47
- ) A Próxima Vítima (1995)……………………………… 47
- ) Explode Coração (1995/96)………………………….. 47
- ) O Fim do Mundo (1996)………………………………. 47
- ) O Clone (2001/02)………………………………………. 47
- ) Páginas da Vida (2006/07)……………………..…… 47
40 ) Cavalo de Aço (1973)……………………………;;…… 46
- ) Sétimo Sentido (1982)………………………………..…. 46
- ) Champagne (1983/84)………………………………… 46
- ) Mulheres Apaixonadas (2003)…………………….. 46
- ) Celebridade (2003/04)……………………………….. 46
45 ) O Semideus (1973/74)…………………………….…. 45
- ) Brilhante (1981/82)…………………………………….. 45
- ) Sol de Verão (1982/83)……………………………….. 45
- ) Pátria Minha (1994/95)………………………………. 45
- ) Laços de Família (2000/01)………………………… 45
50 ) Fogo Sobre Terra (1974/75)…………………;……. 44
- ) Torre de Babel (1998/99)……………………………. 44
- ) Terra Nostra (1999/00)………………………………. 44
- ) Porto dos Milagres (2001)…………………………… 44
54 ) O Dono do Mundo (1991/92)………………………. 43
- ) Paraíso Tropical (2007)………………………………. 43
56 ) Selva de Pedra (1972/73)………………………;….. 42
- ) Por Amor (1997/98)……………………………………. 42
58 ) Duas Caras (2007/08)……………………………...… 41
59 ) A Favorita (2008/09)……………………………...…. 40
60) Caminho das Índias (2009)…………………………. 39
61 ) Suave Veneno (1999)………………………………….. 38
62 ) Esperança (2002/03)…………………………………. 38

Fonte: R7/Blog do Daniel Castro.

sábado, 31 de outubro de 2009

Helena não agrada em “Viver a Vida”





Desde o início da novela pipocaram críticas maldosas sobre a atuação de Taís Araújo, como Helena em “Viver a Vida”. Dezenas de sites lançaram enquetes e em comum apontam sempre o descontentamento dos telespectadores. Uma revista especializada em fofocas da TV pede, em matéria de capa, a morte da personagem, como se essa prática de eliminar protagonistas fosse absolutamente comum na teledramaturgia.

Pois bem, os dias foram passando e a razão de tamanho descontentamento tem vindo à tona. Segundo dizem, o grande mérito dos trabalhos de Manoel Carlos é o realismo com que ele expressa a vida, os sentimentos e a alma de seus personagens, porém uma análise mais detalhada transforma em pó essa afirmativa. Os personagens de sua novela parecem viver em um outro Brasil. Ricos e abastados, vivem num Leblon que remete a Miami: todos são chiques e sofisticados, vivem em sobrados suntuosos, tomam vinhos finos, comem comidas caras e passam a maior parte do tempo discutindo futilidades. E nesse universo se inclui a Helena de Taís Araújo.

Não é o fato de ela ser jovem ou negra que tem jogado contra, mas sim o fato de a personagem não ter o que conquistar. Ela não tem uma trajetória na trama. Saiu de onde? Vai pra onde? Em busca do quê? Helena é linda, rica, famosa, bem sucedida, conquistou um marido milionário, com pinta de galã... O que mais lhe falta? O que se subtende disso tudo é que o público quer ver ação. Quer ver os personagens na luta, buscando alguma coisa, conquistando alguma coisa... O ser humano é um eterno insatisfeito, está sempre em busca de algo, do além, do desconhecido. Aliás foi essa eterna busca que possibilitou o avanço e as grandes descobertas da humanidade. E esse desejo também se reflete na dramaturgia.

Segundo informações, as tramas de “Viver a Vida” sofrerão grandes reviravoltas após o acidente em que Luciana ficará paraplégica. E certamente já deve ter gente pensando em antecipar essa reviravolta depois que a novela das 7 vem colando no ibope da novela do horário nobre. Quem sabe assim a novela não comece de verdade? Tomara, porque até o momento a única unanimidade em “Viver a Vida” são os depoimentos exibidos ao final de cada capítulo.

“Caras e Bocas” supera “Viver a Vida” no ibope




O que parecia improvável aconteceu: a novela “Caras e Bocas” registrou audiência superior à da novela “Viver a Vida”. O inusitado fato aconteceu no dia 28/10, quarta-feira, na região metropolitana de São Paulo e por um placar apertado: 36 X 35. Mas nem esse mísero pontinho diminui o mérito da conquista. Segundo o que sempre se acreditava, programas que entram no ar mais tarde tendem a ter audiência maior.

Esse fato levanta algumas questões: porque uma novela das 8, produção muito mais bem cuidada, rica em cenas gravadas em vários lugares do mundo, vem tendo dificuldade em se firmar enquanto uma novela de produção bem mais modesta vem conquistando cada vez mais telespectadores? A resposta é simples: está no estilo da narrativa e em muito depende dos nossos colegas roteiristas. Enquanto Manoel Carlos se arrasta com uma narrativa morna, com cenas longuíssimas, discutindo futilidades como decoração, bebidas, roupas e tratamentos de beleza, Walcyr Carrasco aposta em uma trama ágil, dinâmica, cheia de aventuras e reviravoltas. Embora muitos digam que o grande trunfo das novelas do Maneco seja o realismo e a sensibilidade com que ele trata os sentimentos e o dia a dia, há quem discorde disso e com razão: os personagens do Maneco parecem não viver no Brasil. A maioria vive no Leblon, circula em carrões importados, helicópteros e iates. Os empregados devem receber rios de dinheiro, porque não têm problemas e vivem rindo de orelha a orelha. As mulheres são mais fúteis impossíveis... Onde está a realidade nisso? Outro ponto positivo da novela das 7 foi a antecipação. A novela usou a mesma tática de João Emanuel Carneiro em “A Favorita”, que ao invés de guardar o grande segredo da história para o último capítulo, antecipou a revelação para o meio da história e com isso desencadeou uma sequência de reações em diversos núcleos. No caso de “Caras e Bocas” a revelação bombástica diz respeito ao macaco Xico, que é o verdadeiro pintor dos quadros.

Enfim, “Caras e Bocas” recuperou a audiência das 19 horas e aponta para um novo caminho: o público prefere tramas ágeis e dinâmicas, muito mais parecidas com o dia a dia das grandes cidades. E fica um recado para os colegas roteiristas: fiquem de olho!

“Norma” é rifado da programação da Globo




Inesperadamente a Globo repetiu uma atitude reprovável que é muito comum nas emissoras que disputam a vice-liderança: retirou do ar, sem avisos prévios, o programa “Norma” capitaneado por Denise Fraga.

Segundo comentam nos bastidores, a atriz está inconsolável com tal atitude. Não só ela, mas toda a equipe.

Curioso é que uma atitude destas tenha partido da emissora, que em outras épocas, diante de outros fracassos como Os Maias, Hoje é Dia de Maria 2, O Jogo, Som & Fúria e etc., adotou uma postura sensata, ao afirmar que aposta na qualidade de seus produtos, no respeito ao telespectador e não se baseia apenas em mera briga por audiência. Este episódio é um sinal dos tempos e mostra que as coisas estão mudando...

Para nós, roteiristas, fica uma reflexão:

“Norma” era um programa que apostava num novo estilo de roteiro, construído a várias mãos, inclusive com participação do público. Ou a história era fraca, ou o formato não rendeu... A isso tudo junta-se o fato do dia e do horário. Na minha opinião o programa não combinava em nada com o que pede um fim de noite de domingo...

O que vocês acham?

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Negras em alta na TV



Não é de hoje que atrizes e atores negros reivindicam espaço na TV brasileira, também pudera: num país onde 51% da população se declara negra ou parda, isto é justíssimo. Atualmente três das cinco novelas da Globo têm protagonistas negras: Taís Araújo, em "Viver a Vida", Camila Pitanga, em "Cama de Gato", e Élida Muniz, em "Malhação". Algumas pessoas consideram isso um progresso, porque houve um tempo em que personagens negros sequer tinham nomes nas tramas. Quem afirma isso é a veterana Ruth de Souza, uma das primeiras atrizes negras a fazer TV no Brasil. Em “Sinhá Moça” (2006), seu papel não tinha nome, era apenas "a velha". Seu par, vivido pelo ator também negro Clementino Kelé, era o Pai Tobias. "Eu disse: 'Será possível que a pobre dessa personagem não tenha nem nome?'. Aí botaram Mãe Maria. E falei: 'É Mãe Maria, Pai João e o moleque de recados. Como sempre. E nós já estamos no século 21."

Entre os autores, Silvio de Abreu, que colocou uma família negra classe média na novela “A Próxima Vítima” (1995), argumenta que o problema era a falta de jovens atores negros, já que ele escreve seus personagens sob medida para determinados atores. Ou seja, primeiro ele escala o ator e depois cria o personagem.

João Emanuel Carneiro, que escalou Taís Araújo para a primeira protagonista negra no horário das 19 horas em “Da Cor do Pecado” (2004) afirma que "temos excelentes atores negros e é importante que eles não façam papéis de 'negros'".

Enfim, que os negros são belos e talentosos, ninguém tem a menor dúvida, mas eu enquanto roteirista acredito que a grande barreira sempre veio de cima dentro das emissoras. Os autores não têm problema algum em escrever e escalar atores negros. Mas o que sempre existiu foi uma barreira cultural, de que negro só poderia fazer papel de pobre, empregado, bandido, etc. Vejam o caso do cinema onde o poder de decisão é descentralizado. Ali os negros fazem papel de destaque há tempos e estão aí brilhando em centenas de títulos...

Assim como a questão da homossexualidade é um tabu que vem sendo rompido ao longo dos anos na TV brasileira, vejo que a escalação de atores negros para papéis importantes vem seguindo o mesmo caminho. Aleluia!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Sinopse de "Uma Rosa com Amor"

Para quem não conhece, segue abaixo a sinopse da novela "Uma Rosa com Amor" que o SBT apresenta no início de 2010. O texto é da colaboradora Renata Dias Gomes:

Serafina Rosa Petrone (Carla Marins), uma jovem simples, sem grandes atrativos físicos, que trabalha como secretária em uma grande empresa. Sempre solitária, ela conta com o apoio dos pais, Giovanni e Amália – papel que será interpretado por Betty Faria – e a irmã Terezinha, com os quais mora num cortiço em São Paulo, que está prestes a ser demolido. Neste local, conhece uma descendente de italianos, representada por Lúcia Alves.

Cansada das piadinhas dos colegas de escritório, ela – que é apaixonada pelo patrão, o industrial Claude Antoine Geraldi – finge ter um admirador secreto e envia, diariamente, uma rosa para si mesma.

Sem imaginar o sentimento que a moça nutre por ele, o empresário descobre a situação de pobreza dela e lhe propõe um pacto: casa-se com Serafina para legalizar sua situação no país e, em troca, lhe dá parte de sua fortuna para que ela possa garantir o futuro da família.

Certa de que, em breve, sua família e alguns amigos serão despejados do cortiço, Serafina aceita o falso casamento – que possui prazo de validade – para poder amparar as pessoas que ama.

Para manter as aparências, a jovem vai morar com o milionário com quem mantém uma ligação de gato-e-rato. Triste por ter trocado alianças com o homem a quem sempre amou e que a ‘usa’, ela não permite que o marido a toque.

Por essa razão, Claude passa a observá-la e descobre os encantos da mulher por quem se apaixona. Mas, toda vez que os dois tentam se aproximar, a vilã Nara Paranhos de Vasconcellos – papel de Mônica Carvalho – entra em ação para acabar com o clima de romance. Jovem rica, ela, que já teve um affair com Claude, não se conforma com o fato dele ter se casado com uma mulher de origem tão humilde.

As novas contratações do SBT

Tenho acompanhado com certo otimismo as notícias das últimas contratações do SBT. Betty Faria, Lúcia Alves e Carla Marins, além de Mônica Carvalho, que estava na Record, são nomes de peso e certamente em muito vão contribuir para a produção.

É preciso ficar atento nos próximos dias para as novas contratações. Uma novela se faz com uma média de 20 a 30 personagens fixos. Analisando por esse número pode-se afirmar que ainda estaria longe do time ideal, ainda mais considerando que falta pouco mais de um mês para o início das gravações.

Por outro lado concordo com as afirmações de Tiago Santiago: existe muita gente boa por aí, louca pra trabalhar. Quando assistimos "Vale a Pena Ver de Novo" ou mesmo os quadros do "Vídeo Show" nos damos conta de que muita gente interessante nunca mais deu as caras na TV, está sendo sub-aproveitada ou foi simplesmente esquecida...

Com uma boa pesquisa o SBT pode garimpar muito talento por aí...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O Grande Gilberto Braga

Para nós, roteiristas, Gilberto Braga pode ser considerado um "mestre", embora muito recluso e, ao que tudo indica, pouco disposto a dividir com os humildes mortais seus vastos conhecimentos na arte de escrever.

Um roteiro de GB (para os íntimos) pode ser considerado uma verdadeira aula, como a cena da surra de Maria Clara em Laura na novela "Celebridade". Na internet é possível encontrar muitos capítulos de suas novelas disponíveis para download. Foi em um deles que me baseei e tirei dúvidas para escrever minha primeira sinopse.

São dois lados de uma mesma moeda:

Um roteirista detalhista, como GB, diz ao diretor exatamente o que ele quer da cena. Chama para si a responsabilidade de todo o desenrolar da história.

Do outro lado existem aqueles que se limitam aos diálogos e dão liberdade ao diretor para cuidar do resto, como é o caso de Walcyr Carrasco. Aí vai da personalidade de cada um... Mas prefiro o estilo de Gilberto, porque seja lá quem for o diretor sempre terá o caminho bem traçado para desenrolar a história, evitando descambar para um rumo que talvez não fosse o desejado pelo autor.

domingo, 11 de outubro de 2009

A divertida "Cama de Gato"

Uma semana no ar é muito pouco para se avaliar uma novela, mas pelo menos por enquanto "Cama de Gato" já disse a que veio. A novela tem história, é ágil, tem personagens engraçados e cativantes. Tenho ouvido muitos elogios do povão e também de gente entendida do assunto.

Para nós, roteiristas, fica demonstrado mais uma vez o que a gente tá careca de saber: a TV brasileira precisa de sangue novo. Novos roteiristas e oportunidades para tanta gente talentosa que existe por aí. Quem sabe um dia não assuma os cargos de chefia alguém com a mente aberta, que queira implantar uma "Casa de Criação", como tentou Doc Comparato...

Embora Duca Rachid e Thelma Guedes não possam ser consideradas "novatas", elas conseguiram o que pode ser considerado uma façanha: emplacar novela própria em pouco tempo. Vide o caso de Tiago Santiago que criou raízes na Globo e só conseguiu seu objetivo na Record. Vide o caso de Andrea Maltarolli que nos deixou sem que seu imenso potencial fosse aproveitado... Penso que alguns desses "dinossauros" da dramaturgia deveriam fazer aparições bissextas, como Silvio de Abreu, e deixar o caminho livre para novos talentos.

sábado, 10 de outubro de 2009

O estilo "Maneco" de escrever

Eu não sei explicar o sucesso das novelas do Manoel Carlos, mas que são chatas pra burro, isso eu acho. Não perco o meu tempo com elas. É apenas uma opinião pessoal.

De fato tenho de reconhecer que ele tem uma habilidade nata para extrair os mais profundos sentimentos do ser humano, capta a alma, independente do tema abordado. Por outro lado, exagera ao extremo na dose em detrimento da ação, do avançar da trama. E a prova de que suas novelas são vazias de tramas é aquela quantidade infindável de personagens (inclusive barrada pela Globo em Viver a Vida).

Em resumo: uma centena de persongens (alguns aparecem de 15 em 15 dias), horas e horas falando de comida, bebida, cabelo, casa, paisagem; horas e horas de bossa nova (agora introduziram Mariah Carey na trilha), um Leblon que mais parece Miami (só existem ricos e abastados), uma trupe de empregados felicíssímos que vivem sendo elogiados e rindo para as paredes, uma criança chata e insuportável (que é um péssimo exemplo para os nosso filhos), e com isso faz-se uma novela.

O que tenho reparado ultimamente é que a maioria desses grandes nomes da dramaturgia não aplicam essas técnicas de roteiro que aprendemos nos cursos e cursinhos.

Sugiro aos colegas roteiristas a assistirem um capítulo de alguma novela atentando unicamente para este detalhe: a construção de cada cena e da trama em si. Depois assistam alguma coisa escrita por Doc Comparato, por exemplo, que é um autor com conhecimento técnico. A diferença é enorme...

Logo chego à conclusão de que o fato de estarem ali, naquela posição, é apenas uma questão de oportunidade e não de conhecimento técnico.

Problemas do horário das 6 da Globo

Segundo nota da imprensa, a Globo recusou 3 sinopses de autores consagrados da casa para o horário das 6 da tarde. Walther Negrão, Maria Adelaide do Amaral e Elisabeth Jihn tiveram seus trabalhos recusados por um "Fórum de Autores" que os avaliou.

Para resolver a situação, Manoel Martins convocou Alcides Nogueira para escrever às pressas uma sinopse para uma trama rural. E com recomendações bem específicas: história contemporânea, mostrando o novo rural do Estado de São Paulo – pujante e com muito dinheiro – e seguindo a linha folhetim clássico.

Esse negócio de autor avaliar trabalho de autor é uma idéia de jirico da direção da Globo. Nós, roteiristas, que acompanhamos o trabalho deles na mídia sabemos muito bem que existe uma guerra de egos entre eles e não fazem outra coisa a não ser descer o porrete no trabalho uns dos outros. Aguinaldo Silva detesta o merchandising social de Gloria Perez, que detesta os homens pelados do Carlos Lombardi, que detesta as cenas vazias do Manoel Carlos e por aí vai... Pouquíssimas vezes vi algum deles elogiar os companheiros...

O que a Globo precisa é um departamento chefiado por alguém realmente competente e conhecedor do assunto para decidir o que vai ou não ao ar, alguém como um Boni, Daniel Filho, entre outros. Esse tal "fórum de autores" é a maior roubada...

Quanto à ida para outras emissoras, não sei se os caminhos estão tão abertos assim. A Band deixou a dramaturgia de lado. A Record esqueceu as novelas e se concentrou no lucro fáceil de "A Fazenda" e enquanto esse formato não chafurdar (como aconteceu na Globo com Big Brother 2), não voltará a levar à sério suas novelas. No SBT pelo visto a coisa não decola. Querem emplacar a terceira novela seguida com o mesmo elenco. Nenhum cristão aguenta uma provação dessas...

Enfim, é aguardar pra ver no que dá...

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Novela, gênero em decadência? Nada disso!

Os números abaixo mostram a audiência dos programas mais vistos, na primeira semana de agosto, no Rio de Janeiro, na Rede Globo.

CAMINHO DAS ÍNDIAS 42
A GRANDE FAMÍLIA 39
SENHORA DO DESTINO 38
CARAS E BOCAS 37
JORNAL NACIONAL 36

Há mais de uma década que os críticos insistem no comentário de que novela é um gênero em decadência, condenado ao desaparecimento. Porém não é isso que os números mostram. E contra a verdade não existem argumentos. Dos 5 programas mais vistos no Rio de Janeiro, na primeira semana de agosto, 3 são novelas, e uma delas reprise! E dentre os cinco ainda existe outro representante da dramaturgia: A Grande Família.

Portanto, o que se observa é que esse gênero continua entranhado no gosto popular brasileiro e assim deve permanecer por muitos e muitos anos. Apesar de todo o pessimismo dos críticos o fato é que a dramaturgia ainda é capaz de façanhas, como alavancar a audiência de canais “médios”, como a Record, de uns quatro anos pra cá, e SBT em tempos mais distantes. Claro que não se deve ignorar a importância de outros gêneros como o jornalismo, esportes, programas de auditório, etc. Mas a verdade é que o carro-chefe da TV brasileira ainda é a novela. E que continue assim por muito tempo, para que nós, roteiristas, tenhamos a oportunidade de contar nossas histórias e emocionar nosso público, tão carente de diversão.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

O sucesso de Senhora do Destino

Muita gente anda perguntando qual seria o segredo de Senhora do Destino para conquistar índices tão relevantes de audiência ainda que numa reprise tão precoce, haja vista ter sido apresentada há pouco mais de 4 anos. Acredito que o grande trunfo dessa novela é exatamente o que falta em Caminho das Índias: tramas paralelas bem exploradas. Em Senhora do Destino desde os serviçais, passando pelos personagens secundários até os principais, todos têm uma história própria, conflitos, dilemas e tudo isso é muito bem colocado e explorado. São pouquíssimos os personagens que servem de “escada” para o conflito dos outros. É claro que a história da mãe que passa a vida toda atrás da filha desaparecida é muito comovente, mas por si só também não garantiria o sucesso da trama. Ali existe um conjunto de tramas paralelas, muito bem costuradas com a trama principal. E já diziam os entendidos de dramaturgia: “não existem histórias novas, o que existe um jeito diferente de contar a história”... E no caso de Senhora do Destino, Aguinaldo e sua turma acertaram a mão...

A mesmice de Caminho das Índias

Outra reclamação constante dos telespectadores é mesmice da novela. Há cenas que se repetem sistematicamente desde o início da trama. As escapadas de Norminha (da maravilhosa Dira Paes), as arruaças do bad boy Zeca, a chatice da velha Laksmi e por aí vai... Estas tramas paralelas, fossem bem exploradas, poderiam tornar a história muito mais densa, rica e interessante. Mas pelo visto vai ficar tudo pra desenrolar na última semana.

Os “figurantes” de Caminho das Índias

Apesar dos altos índices de audiência, Caminho das Índias está longe de ser unanimidade. Nos blogs, fóruns e listas da internet o descontentamento de uma parcela do público é gritante. A maioria reclama da falta de histórias, personagens perdidos, esquetes repetitivas e por aí vai. Depois de muita reclamação na imprensa e até mesmos de atores do elenco, alguma coisa foi mudada, mas pouco se comparado o conjunto da obra. Danton Mello, por exemplo, foi um dos que reclamou, via imprensa, através de seu irmão Selton Mello e alguns dias depois seu personagem ganhou importância na trama, colocando fogo na casa da “dalit”. Mas foi só. Cissa Guimarães e as garotas do seu núcleo também foram outras que botaram a boca no trombone e também ganharam umas ceninhas a mais. Vera Fisher é outra atriz de renome que faz figuração de luxo. Não tem história nenhuma... Paulo José desapareceu... Alguém se lembra há quantos capítulos ele não aparece na trama? Enfim, produção caprichada, história interessante, núcleos ricos dramaturgicamente, mas no quesito “evolução” e “conjunto” fica devendo.

Televisão X crise mundial

Há algumas semanas as emissoras de TV, principalmente a Globo, vêm comemorando uma estabilização, e às vezes até aumento, nos seus números de audiência. Considerando que a tendência vinha sendo de queda há alguns meses, pode-se perguntar: o povo voltou a ver TV? Não creio. Talvez a população, afetada pela crise mundial, tenha deixado de comprar computadores. E a internet brecou o seu avanço. Se fizermos uma análise mais detalhada veremos que o período de estabilização das audiências coincide exatamente com o auge da crise mundial. Os economistas afirmam que o pior da crise já passou e que em breve tudo voltará a ser como antes. Então é só aguardar para conferir...

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Tiago Santiago pode estrear no SBT com adaptação mexicana

Achei preocupante a notícia veiculada pelo Flávio Ricco, título deste post. Todos nós sabemos que remakes ou adaptações dificilmente repetem o sucesso dos originais. Está mais do que claro que as novelas mexicanas, ainda que adaptadas, não perdem a sua essência e nem se adéquam ao estilo próprio do Brasil. Acho que seria uma excelente oportunidade para o Tiago mostrar sua versatilidade e se livrar de vez da trilogia dos mutantes. Deveria voltar com algo novo, totalmente diferente. Na pior das hipóteses adaptar Janete Clair. Mas novelas mexicanas não, mil vezes não!

Renata Dias Gomes assina com o SBT

Renata Dias Gomes foi contratada pelo SBT. Na última quinta-feira, 16, a autora de novelas se encontrou com Sílvio Santos na emissora paulista e conversou sobre a possibilidade de escrever sua própria novela.

"O Sílvio disse que a Iris (Abaravanel) se interessou nos meus textos e me chamou. Por enquanto, o SBT tem apenas um horário de novelas, mas planeja aumentar essa programação. Acho que vai ser importante para a minha carreira poder escrever minha própria novela. Enquanto não acontece, fico na torcida para trabalhar com Tiago Santiago, quem me contratou na Record. Adoro o texto dele e será uma parceria ótima", disse.

Esta não é a primeira vez que a emissora paulista procura Renata para fazer uma proposta de trabalho. "No ano passado conversei sobre um possível contrato, mas estava no meio de 'Chamas da Vida' (novela da Rede Record em que a escritora trabalhou como colaboradora) e não poderia deixar o projeto. A Record foi muito importante para mim. Tenho um carinho enorme pela empresa, mas sei que é momento de experimentar novos trabalhos", completou.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Colaboradores de Tiago X Colaboradores de Íris

Desde que foi anunciada a contratação de Tiago Santiago pelo SBT, uma pergunta tem atormentado os candidatos a roteiristas. O que acontecerá com os colaboradores de Tiago na Record? Atualmente ele tem cerca de 7 assistentes na sua novela "Promessas de Amor" e Íris Abravanel tem 11 em sua novela "Vende-se um Véu de Noiva". Se Tiago levar a equipe, dará uma inflacionada no SBT. E podem surgir oportunidades para novos talentos na Record. Se ele não levar a equipe, estas portas podem se abrir no SBT. É ficar alerta, mas vêm novidades por aí...

Tiago Santiago assina com o SBT

Segundo informa a coluna Radar On-Line, assinada por Lauro Jardim, "o dono do SBT ofereceu a Santiago R$ 2 milhões no ato da transferência e um salário de R$ 350 mil por mês quando o autor estiver com uma novela no ar.

Quando fora do ar, o novelista passa a ganhar R$ 250 mil. Além do salário, Silvio Santos dará um bônus de R$ 600 mil por mês caso a novela do autor alcance 15 pontos de média na audiência.

De acordo com a coluna, o dono do SBT ainda irá bancar a multa contratual de Santiago com a Record.

Na antiga emissora, o novelista ganhava R$ 130 mil por mês. Quando estava fora do ar, a quantia diminuía para R$ 85 mil.

Tiago Santiago mostrou a proposta do SBT para os executivos da Record, que não cobriram a oferta."

Esta troca do Tiago mostra que o mercado de novelistas está ativo e tudo leva a crer que enquanto a Record pisou no freio na dramaturgia, o SBT está pisando no acelerador. Ao que tudo indica Sílvio rompeu com os padrões mexicanos e está cada vez mais disposto a investir em novelas próprias. Alíás, antes mesmo da contratação do Tiago Santiago já se comentava que o Patrão estava em busca de novelistas para contratar.

ara nós roteiristas, pode ser que toda essa movimentação venha representar OPORTUNIDADES. É aguardar pra ver.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Globo se organiza para evitar atraso nas produções

Enquanto o núcleo das 21 horas já tem sua escala para as próximas quatro novelas, os núcleos das 18 e das 19 horas sofrem com a falta de planejamento. Para evitar esse tipo de problema o alto escalão trabalha na elaboração de um projeto que visa implantar regras severas para a produção de novelas.

O mau exemplo da vez foi a escolha da próxima novelas das 19 horas. Fala-se que “Caras e Bocas” terá que ser esticada em dois meses para permitir a produção de “Bom Dia, Frankstein”, de Bosco Brasil.

Como exemplo positivo cita-se a atual novela das 19:00 horas, que tem 20 capítulos de frente e uma audiência na casa dos 30 pontos.

Além do processo de escolha e produção de novas novelas, outro ponto que está na mira da alta cúpula é o atraso nos capítulos e as gravações feitas em cima da hora, praticamente no dia da exibição. A ordem é acabar com esse tipo de coisa visando a qualidade das produções.

Globo pretende integrar autores veteranos e novatos

À título de “troca de informações” o setor de Entretenimento da Globo pretende colocar veteranos acompanhando e supervisionando o trabalho de autores com menos experiência. No horário das 18:00 João Emanuel Carneiro supervisionará o trabalho de de Thelma Guedes e Duca Rachid. Embora com alguma experiência, esse será o primeiro trabalho solo da dupla. No horário das 19:00 caberá a Aguinaldo Silva acompanhar o roteiro de Bosco Brasil em “Bom Dia, Frankstein” (título provisório). Embora a queda de audiência seja um fenômeno generalizado na TV, os horários das 18 e 19 horas têm sido os mais problemáticos na Globo. Por isso esta união de forças.

Por outro lado essa atitude demonstra a preocupação da emissora em renovar o seu banco de talentos. A maioria dos autores já ultrapassou a barreira dos 60 anos de idade e alguns já beiram os 80 anos. Está mais do que na hora de buscar novos talentos, não só para dar uma oxigenada nas tramas como também para garantir a formação de novas gerações de escritores.

“Promessas de Amor” não decola...

A Record pretende reforçar o elenco e o orçamento da novela “Promessas de Amor”, como uma tentativa de salvar esse projeto. Mas ainda não é certo se esse recurso dará resultados. Críticos culpam Tiago Santiago em insistir na trilogia dos mutantes, quando desde a segunda obra já se tinha indícios de que a novela não tinha mais o mesmo impacto da primeira. Eles defendem que o autor perdeu a chance de parar por cima, descansar e voltar com uma novela diferente. No alto escalão da Record há quem entenda que a baixa audiência de “Promessas de Amor” esteja prejudicando “Poder Paralelo”. Na época de “Chamas da Vida” a audiência era outra, ou seja, bem melhor que a atual...

Situação complicada a de Tiago Santiago. Depois de tantos anos como “colaborador” na Globo, sem ter a chance de emplacar um projeto solo, pode ser que ele tenha se deslumbrado com a “carta branca” que recebeu da Record. Mas agora terá que se desdobrar para levantar a audiência de sua novela, descansar e voltar com um outro projeto ainda mais inovador.

Portas se fecham: Record cortará gastos na dramaturgia

Como os gastos com o reality show “A Fazenda”, principal aposta da Record, extrapolaram em muito as previsões, a emissora resolveu cortar gastos. Já avisou que o terceiro horário de novelas está suspenso. A partir de agosto tudo se resumirá a duas produções: “Bela, a feia” e “Poder Paralelo”, que será esticada. Novas empreitadas somente no começo de 2010. No pacote de cortes ainda está incluído o seriado “A Lei e o Crime” bem como a sua segunda temporada.

É uma má notícia para nós, roteiristas, porque a emissora vinha investindo em novas produções, novos talentos e era vista como uma porta aberta para novos escritores.

Portas se abrem: Globo pretende investir em seriados

A Globo está trabalhando na realização de uma oficina para aperfeiçoamento dos seus seriados. Serão dois encontros semanais durante um mês. Para tal foram convocados dois palestrantes: Alex Medeiros, especialista em formatos para televisão e Álvaro Ramos, experiente autor de seriados.

Segundo se comenta, a intenção da emissora é investir pesado no formato, adotando o estilo americano de temporadas.

Caso o projeto decole, é mais uma porta que se abre que novos roteiristas, que terão mais chances de provar sua competência.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O Ibope reflete a realidade?


Não raro nos deparamos na mídia com manchetes envolvendo essa palavrinha-chave, capaz de causar calafrios em 9 entre 10 profissionais da TV. Em função do ibope vivem ou morrem os programas, sejam eles bons ou não. Em função dele cabeças são cortadas ou poupadas.


Mas um questionamento antigo sempre vem à tona: até que ponto esse sistema atual de medição reflete a realidade da audiência? Mesmo que seja uma pesquisa de amostragem, ela abrange um universo muito restrito se considerarmos o todo. Vejamos: São Paulo e Rio concentram algo como 13% de toda a população do país, uma base considerável para qualquer pesquisa.


Entretanto, se olharmos por outro prisma veremos que essa base não é tão confiável assim. O Brasil é quase um continente, temos diferenças significativas em quase todos os setores, principalmente o cultural. Eventos que arrastam multidões num canto do país são ilustres desconhecidos na outra ponta. Vide o caso de Parintins/AM. Diversas pesquisas extra-oficiais já comprovaram que há uma disparidade entre números apurados nas duas capitais e no restante do país. Muitos programas, principalmente os popularescos e novelas regionais, têm um apelo muito maior pelo interior que nas capitais.


Lembro-me certa vez em que Sílvio Santos, partilhando desses mesmos questionamentos, aventou a hipótese de se expandir o sistema de medição. E curiosamente o resultado foi o mesmo de se cutucar um vespeiro. As reações foram imediatas. A partir de então algumas dúvidas pairaram no ar: seria conveniente para certos interessados esconder a realidade dos números? Seria mais cômodo concentrar a medição numa região onde, seguramente, seu produto tem maior afinidade com o universo pesquisado? O Brasil se resume ao Rio e São Paulo?


Enfim, as perguntas são muitas e as respostas são poucas. Quem sabe no futuro a TV possa usufruir dos mesmos recursos que a internet e possa nos dar todas essas respostas. Mas, por enquanto, salve-se quem puder.


O que você pensa sobre isso?

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Minha Cena para a Master Class de Aguinaldo Silva



cena 1 – casa de TIETA/quarto de Tieta/interior/dia.



Perpétua para, de olhos arregalados, incrédula. Instantes. Tieta e Cardo, perplexos, tentam se recompor, se entreolhando assustados.


PERPÉTUA — (erguendo a mão ao céu) Santana do Agreste, minha Virgem Santíssima! Eu não posso acreditar que a Senhora me deixou viver o suficiente pra ver uma indecência dessas! Eu preferia estar mortinha e enterrada a ter que presenciar essa visão de Sodoma e Gomorra! Dessazinha aí, a que se diz minha irmã, eu sempre soube que podia esperar qualquer coisa. Quenga é sempre quenga! Não muda nunca! Mas tu, Cardo... Meu filhinho, que eu criei com tanto zelo e carinho, pra ser um sacerdote, um mensageiro de Deus, pra me ajudar a combater a devassidão que ronda essa cidade... Você não podia ter cravado essa estaca no peito de sua mãe...


TIETA — Perpétua, minha irmã, está mais do que na hora/


PERPÉTUA — (corta, irada) Eu devia era lhes descer o porrete, como fez Jesus com os invasores do templo, e lhes escorraçar daqui como dois cachorros sarnentos, mas eu não vou fazer isso não... Eu vou fazer melhor: eu vou chamar a cidade inteira e vou contar pra todo mundo o pecado de vocês. Quem sabe eles não lhes apedrejem como fizeram com aquela quenga lá da Sagrada Escritura? É... Eu vou fazer isso mesmo! (com ênfase) E é já!


Nesse instante Perpétua se vira abruptamente para sair do quarto, bate com a cabeça na porta e cai desacordada. Tieta corre para socorrê-la, enquanto Cardo, só de cueca samba-canção, se apressa em vestir as roupas.


TIETA — Perpétua, sua doida! Fale comigo, minha irmã... (dando tapinhas na cara) Tá vendo? É isso que dá sair desarvorada feito uma cabrita no cio! Acorde, Perpétua, acorde, mulher!


Instantes. Perpétua abre o olho lentamente, um, depois o outro e então se assusta, como se não reconhecesse o lugar onde está.


PERPÉTUA — Tieta?! Que lugar é esse? O que eu tô fazendo aqui?


Percebendo o estado de confusão de Perpétua, Tieta acena para que Cardo abaixe atrás da cama e se esconda.


TIETA — Calma, minha irmã... Você em meu quarto... Deitada em meus braços... (intrigada) Tu não se lembra de nada?


PERPÉTUA — (pensativa por instantes) A última coisa que me lembro é de ter recostado na cama, depois de ter comido uma porção das boas de buchada de bode...


TIETA — (incrédula) E como veio parar aqui, criatura de Deus?


PERPÉTUA — (convicta) Sonambulismo! É isso! Seu Bento da Farmácia disse que é esse o nome da minha doença.


TIETA — (ainda em dúvida) Mas você não se lembra de nada mesmo? (olhando na direção de Cardo, escondido)


PERPÉTUA — Nada! Nadica de nada! Tenho cara de quem lembra?


TIETA — Então venha. Vou lhe levar pra casa. Você bateu com a cabeça e logo logo o galo deve cantar em sua testa...


Tieta levanta Perpétua, a ampara e as duas saem do quarto. Bate a porta.


CORTA PARA PRÓXIMA CENA...

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CONSIDERAÇÕES:


O Desafio: Perpétua flagra a irmã e o filho seminarista nus na cama, fim de capítulo. E, no capítulo seguinte, ela dá um jeito de fingir que não viu aquilo, do modo mais criativo possível... Mas sem ficar cega.”


A solução: Perpétua finge que está em plena crise de sonambulismo.


Num primeiro instante ela fica realmente transtornada com o que vê, mas logo percebe que não pode ser intempestiva, como de costume, pois precisa tirar um melhor proveito da situação. Nos instantes em que fica imóvel, chocada, ela tem um lampejo de memória, que lhe diz exatamente como se safar da situação. Daí em diante passa a preparar o terreno para agir no momento certo, tornando sua atitude o mais crível possível. Por outro lado, não pode deixar de extravasar toda a sua revolta com o fato em si. E enquanto pensa, aproveita para externar a sua raiva se valendo de ameaças e do seu discurso moralista.


Em princípio Tieta e Cardo não esboçam reação alguma, porque a situação lhes é totalmente desfavorável. E qualquer palavra só serviria para fomentar ainda mais a ira de Perpétua. Porém, diante de tantas ofensas, Tieta, que também tem sangue quente, resolve partir para o ataque e assumir de vez o romance. Mas Perpétua sequer a deixa concluir a primeira frase. Por fim, no momento em que percebe o “estado de confusão” da irmã, perspicaz como é, Tieta rapidamente manda que Cardo se esconda embaixo da cama, pois, em se tratando de Perpétua, nem tudo é o que parece. Ela vê, nesse instante, uma remota chance de o casal se livrar do penoso flagrante. Passado o episódio, a dúvida se instala na cabeça de ambos: Perpétua realmente teria visto os dois? Não teria visto? Estaria fingindo? Como agir de agora em diante?


Para o telespectador fica reservada a surpresa e a dúvida. As mesmas dúvidas de Tieta e Cardo. No momento em que a beata flagra o casal na cama, nada mais se pode esperar dela do que um ataque de fúria. E é isso que vai se desenhando ao longo da cena. Com invocações ao sagrado e ao profano, ela faz o seu terrorismo psicológico, fazendo com que todos esperem pelo pior: o apedrejamento em praça pública. E quando isso parece ser inevitável, eis que ela surpreende a todos: bate a cabeça e cai desacordada. Repentinamente se esquece de tudo e não sabe sequer onde está. Foi vítima de mais uma de suas crises de sonambulismo, que até então eram um segredo compartilhado apenas com seu Bento da Farmácia, o “médico” de Santana do Agreste. Para reforçar a sua tese, ela ainda põe a culpa do atribulado sono em uma farta porção de buchada de bode.


Minha solução foi essa...


Considerando o limite das 50 linhas, exigidos para a cena teste, evitei utilizar muitas rubricas, principalmente as técnicas, haja vista que a cena acontece quando a novela já está em estágio avançado e cuja equipe já tem todo um método de trabalho. Concentrei apenas em desenvolver a cena como um todo. Em outra circunstância, poderia explorar de forma mais proveitosa as falas e atitudes de cada um dos personagens. Uma cena rica como essa poderia se desdobrar em várias outras...


Marco Silvério